06/08/2025- Sobretaxa dos EUA de 50% entra em vigor enquanto governo Lula busca diálogo
- Angelo Mota
- 6 de ago.
- 2 min de leitura
A partir de 1º de agosto de 2025, entrou em vigor a sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos às exportações do Brasil, conforme decisão anunciada por Donald Trump em 9 de julho de 2025. A medida aumentou a alíquota anterior, que era de 10%, e foi justificada pelo presidente americano com base em supostas práticas comerciais desleais, críticas à condução de processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e alegações de restrições à liberdade de expressão, com menção ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Contudo, cerca de 700 produtos brasileiros, incluindo suco de laranja, petróleo, aeronaves e minérios, foram excluídos da tarifa, representando aproximadamente 43,4% do total exportado pelo Brasil aos EUA em 2024, segundo dados da Amcham Brasil.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está empenhado em iniciar negociações com os EUA para reduzir os impactos da medida, mas enfrenta obstáculos devido à ausência de canais diretos de comunicação com a administração americana. O vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira coordenam esforços para expandir a lista de isenções e conscientizar empresas americanas sobre os prejuízos mútuos da sobretaxa. Fontes do governo indicam que a decisão de Trump parece ter motivações mais políticas do que econômicas, especialmente por associar a tarifa às questões judiciais envolvendo Bolsonaro.
Lula tem defendido a soberania nacional, rejeitando pressões externas e promovendo o diálogo em fóruns multilaterais. Em resposta, sancionou a Lei de Reciprocidade Econômica em julho de 2025, que autoriza a aplicação de tarifas retaliatórias a produtos dos EUA, como possíveis taxações sobre empresas de tecnologia americanas. Um comitê interministerial foi criado para estudar contramedidas, e o governo trabalha em um plano de apoio a setores impactados, como carne, café e calçados, que não foram isentos.
Paralelamente, o Brasil busca diversificar seus mercados, intensificando negociações com países como Índia, Indonésia e nações do Mercosul, África e Oriente Médio. Especialistas, no entanto, destacam que realocar exportações, especialmente de produtos de maior valor agregado, pode ser um processo lento e complexo. As negociações seguem em andamento, mas sem progressos concretos até agora, enquanto o governo Lula tenta equilibrar a proteção da economia com a manutenção da autonomia nacional.










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