18/10/2025- Polêmica com a Nova Cor do Santuário do Morro da Conceição
- Angelo Mota
- 18 de out.
- 3 min de leitura

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição, situado no alto do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife (PE), é um marco religioso e cultural. Construído em 1906, abriga uma estátua da Imaculada Conceição importada da França e foi tombado como Imóvel Especial de Preservação (IEP) em 1997. Recentemente, a decisão de pintar a capela do santuário, antes azul, de uma tonalidade bege gerou intensos debates entre moradores, devotos e autoridades, com discussões nas redes sociais e possibilidade de investigação pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
Contexto da Alteração
Histórico Visual: A capela, originalmente de estilo gótico e modernizada com paredes de vidro, não tinha o azul como cor inicial — registros de 1907 apontam para o branco. O azul, porém, ganhou força com o programa "Mais Vida nos Morros" (2017), que pintou cerca de 600 casas do bairro em azul e branco, refletindo a devoção à padroeira. A iniciativa, apoiada por moradores e marcas como Tintas Coral, tornou o azul um símbolo de identidade local.
Mudança Atual: Sob a gestão do padre Emerson Borges, reitor desde 2022, a capela foi repintada para bege, uma cor mais neutra. A obra, realizada sem ampla consulta à comunidade ou autorização clara da Gerência de Preservação do Patrimônio Cultural da Prefeitura, gerou questionamentos, já que alterações em IEPs exigem aprovação.
O Debate
A mudança na cor da capela dividiu opiniões no Morro da Conceição:
Reações da Comunidade: Moradores, como os do Coletivo Morro da Conceição, defendem o azul como parte essencial da identidade do bairro. A historiadora local Ana Ribeiro destacou que o bege "ofusca a visibilidade da capela, tirando seu destaque no horizonte do morro". Críticas também apontam falta de diálogo com a gestão do santuário, acusada de priorizar turistas em detrimento dos moradores. Há rumores de que o caso pode chegar ao MPPE por possível violação das normas de preservação.
Outras Perspectivas: Alguns residentes, como João e Maria, consideram a polêmica exagerada, lembrando que a capela já passou por várias cores ao longo do tempo. Para eles, a pintura é apenas uma manutenção. A Arquidiocese de Olinda e Recife, que supervisiona o santuário, reforça o foco na devoção e na recuperação recente do espaço, mas o padre Emerson não se pronunciou diretamente.
Contexto Recente
A discussão ocorre em um momento delicado. Em agosto de 2024, o teto da capela desabou durante um evento, devido à corrosão de estruturas e falhas de manutenção, resultando em duas mortes e 25 feridos. A reconstrução, iniciada logo após o incidente, incluiu reforços estruturais e reabertura em maio de 2025, a tempo da Festa da Imaculada Conceição (28 de novembro a 8 de dezembro). Campanhas solidárias, como "Reconstruindo o Morro da Conceição", arrecadaram fundos para a restauração.
Impacto Cultural
O Morro da Conceição, com cerca de 10 mil moradores, é um espaço de forte identidade negra e cultural. A Festa do Morro, que já reuniu 1,5 milhão de visitantes, reforça sua relevância. A mudança de cor reacende debates sobre preservação versus modernização e o papel da Igreja em comunidades locais. Enquanto alguns veem o bege como uma perda simbólica, outros focam na funcionalidade do santuário.
Para acompanhar o caso, confira atualizações no site da Arquidiocese de Olinda e Recife ou nas redes sociais do santuário (@santuariomorrodaconceicao).









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