Tragédia do Circo Vostok completa 25 anos: menino devorado por leões em Pernambuco
- Angelo Mota
- 9 de abr.
- 2 min de leitura

Em 9 de abril de 2000, uma tragédia chocou o Brasil no município de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife, Pernambuco. José Miguel dos Santos Fonseca Júnior, um menino de apenas 6 anos, foi atacado e morto por leões durante uma apresentação do Circo Vostok, instalado no estacionamento do Shopping Center Guararapes, no bairro de Piedade. O caso, que completa 25 anos em 2025, marcou a história do país e impulsionou mudanças na legislação sobre o uso de animais em circos.
O incidente ocorreu durante um intervalo do espetáculo, quando o locutor convidou as crianças da plateia a tirar fotos com os animais. José Miguel, acompanhado do pai, José Miguel dos Santos Fonseca, e da irmã, Mirella, de 3 anos, participava da atividade. Ao retornar para seus lugares, passando próximo às jaulas dos leões, o menino foi surpreendido pelo leão Bongo, de 220 quilos, que esticou a pata entre as grades, puxou-o para dentro da jaula e o atacou. Outros leões se juntaram ao ataque, dilacerando o corpo da criança diante de cerca de 3 mil espectadores, incluindo seus familiares. O pânico tomou conta do local, e a cena foi descrita como um verdadeiro horror.
A Polícia Militar de Pernambuco chegou ao circo por volta das 21h e, para resgatar o corpo do menino, precisou abater quatro dos cinco leões com tiros de revólver e fuzil. Os restos mortais de José Miguel só foram retirados às 23h45. O único leão sobrevivente, um filhote de sete meses chamado Léo, foi transferido para o Zoológico Dois Irmãos, no Recife, onde viveu até 2021, quando morreu de câncer aos 21 anos.
A perícia do Instituto de Criminalística apontou falhas graves de segurança: as grades da jaula tinham vãos de 10 cm, permitindo a passagem das patas dos leões, e o túnel de acesso ao picadeiro era preso por cordas de nylon, em vez de barras de ferro. Apesar de o domador afirmar que os animais haviam sido alimentados com 10 kg de frango naquele dia, a necropsia na Universidade Federal Rural de Pernambuco revelou que os estômagos dos leões estavam vazios — embora especialistas tenham atribuído o ataque a um instinto natural, e não à fome.
O dono do circo, Alexandre Vostok, e dez funcionários, incluindo o domador Claudinei Pires da Rocha, foram indiciados por homicídio culposo (sem intenção de matar). A investigação concluiu que houve negligência e falta de segurança. O Tribunal de Justiça de Pernambuco condenou a empresa circense a pagar R$ 1 milhão em indenização aos pais de José Miguel, além de uma pensão vitalícia, mas o valor foi reduzido para R$ 275 mil pelo Superior Tribunal de Justiça em 2011, após recurso.
A tragédia teve impacto duradouro. Os pais da vítima lideraram uma campanha contra o uso de animais em circos, resultando na aprovação de uma lei estadual em Pernambuco que proíbe tais apresentações. O caso também influenciou debates nacionais sobre o tema, levando muitos circos brasileiros a abandonar o uso de animais selvagens em prol de espetáculos focados em habilidades humanas. Passados 25 anos, a história de José Miguel permanece como um símbolo de luto e um marco na transformação do entretenimento circense no Brasil.









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